domingo, 8 de fevereiro de 2015

O tempo passou...

Esse post vai ficar enorme. Mas acho que devo muitas explicações aqui. Talvez não termine hoje tudo mas acho que já vou dar uma boa contribuição.

Estou aqui hoje porque a gente vai voltando a rotina normal, a criança vai crescendo e o tempo vai ficando muito muito escasso. Aconteceram tantas coisas nesse ano que passou e eu vou tentar descrever aqui alguns do momentos que acho maia importantes.
Quero tentar relatar todos o motivo que fez a gente procurar uma nova solução de órtese.

Para que não sabe a órtese Dennis Brown são duas botinhas de couro ou outro material, que mantém o pé na posição ideal para a manutenção da correção realizada com o gesso com uma barra no meio unindo as duas botas. (Expliquei aqui)

Quando a Thaís passou a utilizar a órtese as 14 horas por dia, ela passava a noite com a órtese (12 horas) e mais 2 horas durante o dia. Como eu  nunca quis que o pessoal do berçário colocasse a órtese lá (mil motivos), então fiz a opção dela ficar até o meio da manhã de órtese aqui em casa comigo. Nesse período eu pude notar que ela não queria se mexer com a órtese (ficava paradinha, não tentava engatinhar, não tentava nenhum movimento).
Uma das coisas chatas da órtese Dennis Brown é que ela entra na ripinha do berço quando o bebê/criança vira de lado. Isso acontecia com uma certa frequência e daí sempre era a mesma coisa: ela chorava, acordava e a gente tinha que destravar e tals. Uma vez na noite beleza, você vai com a maior paciência, destrava, faz o bebê dormir e volta a dormir. Quando isso acontece várias vezes na noite e várias noites seguidas faz com que você comece a procurar algumas soluções. Dentre as diversas soluções: trocar de berço, fazer uma gradinha entre as ripas, colocar uma placa de acrílico dentro do berço, aumentar o protetor de berço, a que eu escolhi foi colocar um cobertor de cada lado das grades cobrindo a madeira para não ficar o espaço. Isso no inverno funciona, mas no verão de jeito nenhum porque não entra ventilação no berço (a Thaís por exemplo é super calorenta).
Outra coisa é que quando o bebê/criança vira de lado, a perna fica lá pra cima batento na madeira da cama. De novo, uma vez na noite tudo ok, mas se é uma criança igual a Thaís, que vira bastante, fica uma barulheira só durante a noite toda.

Bom esses motivos foram suficientes para eu gastar um dia na frente do computador, procurando alguma solução de órtese e outras opções de tratamento. Será que não haveria uma órtese mais flexível, que fizesse o pé ficar no lugar, mas que por outro lado pudesse não travar no berço e também fizesse com que o pé não ficasse lá pra cima na hora que a criança estivesse deitada de lado e ainda pudesse deixar ela livre para fazer alguns movimentos?

Foi aí que comentei com minha e mãe e minha irmã a minha busca, que por um tempo ficou um pouco de lado. Final de semana seguinte minha mãe veio visitar e viu a Thaís dormindo com o pé la pra cima. Ficou morrendo de dó. E me questionou sobre a órtese, se eu já tinha ido atrás de mais informações.

Bom, obra do destino ou não, descobri que a empresa que administra a venda da órtese de Dobbs no Brasil (http://www.dobbsbrace.com/), que daria um pouco mais de "liberdade" para a Thaís era aqui da minha cidade. Liguei e marquei horário com a vendedora. Na ocasião do nosso encontro questionei quem utilizava a órtese no Brasil ou em SP, e ela me citou o mesmo Dr. que a pediatra de SP havia sugerido.
Observação: Gostaria que ficasse claro aqui que em nenhum momento duvidei do tratamento com a órtese convencional, eu só queria que a Thaís pudesse ter um pouco mais de liberdade nas pernas durante a noite e que todos os problemas acima fossem sanados.

Enfim, procurei a ortopedista daqui que cuidou dela todo o período do gesso e órtese. Me recebeu, como sempre, com maior carinho. Perguntei sobre a órtese e percebi que ela não se empolgou tanto quanto eu. Perguntei sobre o fato dela ficar presa e quando estava com a órtese paralisava. Ela sugeriu fisioterapia para que a Thaís pudesse ser estimulada a fazer alguns movimentos que com aquela idade ainda não fazia. Fizemos a fisioterapia direitinho. Meu objetivo não era fazer ela engatinhar, andar e nem nada precocemente. Entendo perfeitamente que cada criança tem sua fase, seu jeito e eu sempre procuro respeitar isso na Thaís.

Bom, resumindo fomos ao Dr. que utiliza a órtese nova. Fomos bem atendidos, ele fez uma baita anamnese. Claro que não eu lembrava de tudo e também não tinha levado todo o histórico da Thaís (minha agenda era no celular e sem querer apagou tudo - tinha todas a datas anotadas). O fato de não ter tudo anotado e não ter levado o histórico me fez sentir a mãe mais incompetente do Brasil. Passado isso ele examinou a Thaís, nos mostrou a órtese e falou sobre sua utilização (liberou para usar só a noite - 10hs/12hs), enfim.... LIBERDADE!!!

Assim foi, desde o dia que colocamos essa órtese, o médico disse que poderia usar somente à noite. Então pensei, a parte da mobilidade já era né. Porque se ela não vai ficar as 14 horas por dia, então não teria necessidade de trocar. Bom, mesmo assim nós que somos pais e sempre queremos o melhor para os filhos. Se a órtese proporciona meio conforto a mais, vamos continuar com ela.

Um rolo a parte para comprar a órtese, enfim chegou e começamos usar. A adaptação foi bem tranquila. Era tudo bem mais fácil. Como o sistema é quick release - ela desprende embaixo. Então dá para colocar somente as botas e depois prender o ferrinho.

Retorno no Dr que usa a órtese nova, era após 1 ano e 1/2 e nesse dia ele radiografou (??) os pés e o coxal e também "liberou" a Thaís de usar a órtese. Disse que o pé já estava excelente e que não havia mais chance dele recidivar. Chorei muito. Chorei de pensar que ela estava livre. Chorei de pensar em tudo que passamos. Enfim, chorar faz parte do meu repertório.

Saímos de viagem para Curitiba. Nos divertimos pra caramba... E após 15 dias recebo uma mensagem da Dra. que cuidou do pé da Thaís desde bebê me convidando para um Simpósio em SP, sobre o pé torto congênito. Na ocasião ainda não tinha falado para ela sobre a não utilização da bota.

Enfim, depois de muita conversa e muita bronca (rsrs), ela me convenceu a ir assistir as palestras e ver "com meus próprios olhos" os médicos discutirem sobre o assunto. O grande dia chegou e devido a um super trânsito em SP (novidade), cheguei atrasada no Simpósio. Tirando o mico de entrar no meio da palestra, pela porta da frente - onde o palestrante estava dando a palestra - em um auditório enorme com a todo mundo olhando pra minha cara, o restou deu tudo certo (obs.: não lembro de ter passando tanta vergonha assim desde o dia que cai na frente da faculdade!!!). Na hora que eu entrei na sala ouvi do palestrante sobre as recidivas. Não vou me lembrar agora exatamente os números corretos mas era mais ou menos assim:  Se tirar a bota antes de um ano e meio, 60% de recidiva, de 2 anos a 3 anos, 45% e assim vai.

Aquilo me tirou o folego. Caramba, 60% de recidiva é muito. Como pode eu ter sido orientada a tirar a bota da minha filha antes de 1a6m????

Fui conversar com a Dra. que cuidava da Thaís aqui em SJC, lá na palestra mesmo. Não conseguia parar de chorar. Ela então como sempre me ajudando, me encaminhou para a Dra. Mônica Nogueira. Disse que seria melhor, eu tiraria minhas dúvidas e com certeza falar com a super especialista me faria ficar mais confortável em relação à órtese!

E foi assim, marcamos com a Dra. Mônica. Ela realmente prefere a órtese Denis Brown e me citou todos os motivos. Faz uns 8 meses que estamos passando com ela e realmente posso afirmar que foi excelente passar por tudo isso. Só fortaleceu minha fé em Deus de saber que no momento certo as coisas acontecem.

É isso!!







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